Foi aprovada a inscrição «como registo de salvaguarda urgente o «Barco Moliceiro: Arte da Carpintaria Naval da Região de Aveiro» no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial. O despacho foi publicado esta quinta-feira em Diário da República.

São critérios desta inscrição «medidas de salvaguarda e valorização preconizadas na viabilidade futura do saber-fazer em questão»; as «atuais características do contexto de transmissão do saber-fazer, que acarreta riscos passíveis de comprometerem a sua continuidade, a curto e médio prazo»; «A importância da manifestação enquanto reflexo da identidade da comunidade, grupos e indivíduos que a praticam e se encontram associados»; «A importância da sua dimensão histórica, social e cultural na área territorial em que se insere» e «A relevância da manifestação para o desenvolvimento sustentável nos territórios onde se pratica».

Entretanto, a Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA) já formalizou junto da UNESCO, em abril último, a candidatura do barco moliceiro e a construção naval na Ria a Património da Humanidade em 2023 da UNESCO

O trabalho a fazer é mobilizar aprendizes, construtores e pintores. Os moliceiros são construídos, em madeira, segundo a arte tradicional de Aveiro. O uso antigo da embarcação destacava-se pela apanha do moliço, um elemento retirado da ria, material integrante do fertilizante usado nos campos agrícolas da região.

Esta atividade foi abandonada e os moliceiros são usados, essencialmente, no turismo e lazer.

Segundo a Câmara da Murtosa, a construção naval tradicional «continua viva e plena de atividade, como atestam os dois moliceiros tradicionais, que estão a ser construídos, no presente, pelos mestres José Rito e Marco Silva». O Estaleiro-Museu do Monte Branco, na Torreira «é um dos pilares da estratégia de salvaguarda, divulgação e valorização do moliceiro e da construção tradicional».