2022/06/07 Paula Seabra e Marinélia Capela, investigadoras do CICECO - Instituto de Materiais de Aveiro, unidade de investigação da Universidade de Aveiro (UA) e outros da Universidade de Palermo e do Instituto de Nanotecnologia de Lecce (Itália) descobriram que «se as atuais argamassas de reboco forem constituídas por 10 por cento de borras de café, substituindo o material agregado usualmente areia, «promovem uma diminuição da sua condutividade térmica de cerca de 47 por cento, contribuindo para melhorar a eficiência energética dos edifícios».
As duas investigadoras da UA «contribuíram para a descoberta de que as borras, quando adicionadas a argamassas de reboco usadas na construção civil, promovem uma enorme melhoria na eficiência energética dos edifícios». A descoberta foi publicada na revista Construction and Building Materials, que descreve a possibilidade de «potenciar a utilização das borras de café como matéria prima que de outra forma vai parar a aterros sanitários, uma prática com enormes custos ambientais e económicos, e, ao mesmo tempo, diminui a necessidade do consumo de matérias primas virgens usadas até agora nas argamassas de reboco», segundo comunicado da UA.
«Por todo o mundo, só em 2021 o consumo de bebidas à base de café foi de cerca de 9.978 milhões de quilos», afirma Paula Seabra.
O mesmo comunicado refere que «só em Portugal são consumidas diariamente mais de 34 toneladas de café».
O comunicado aponta para a «enorme quantidade de borras de café que anualmente vão parar às lixeiras do planeta» e a descoberta é uma «possível alternativa de reutilização de resíduos de café moído em novos materiais de construção verdes destinados a aplicações de termo-reboco na construção, num contexto de economia circular», diz a investigadora.
Na Europa cerca de 75 por cento das construções «não são energeticamente eficientes».
Além das argamassas, as investigadoras «estão já a estudar a utilização das borras de café no desenvolvimento de materiais de construção com outros ligantes (e.g. cimento, geopolímeros), com baixa condutividade térmica». |