2021/02/18 Além de entrarem na composição de rações para animais e sopas em pó, as folhas, caule e restos de inflorescências dos bróculos têm aplicação na saúde e em biomateriais, conforme foi identificado por Sónia Ferreira, aluna do Programa Doutoral em Ciência e Tecnologia Alimentar e Nutrição que defendeu a tese de doutoramento na Universidade de Aveiro.
As folhas, caule e restos de inflorescências, que correspondem a cerca de 70% do brócolo, têm «constituintes que funcionam como ativadores do sistema imunitário» e compostos que poderão ser adicionados para produzir bioplástico com possível utilização em embalagens alimentares, repelindo a água e prolongando o tempo de vida dos produtos.
Os estudos sobre a influência destes compostos na atividade dos linfócitos B e no sistema imunitário foram realizados in vitro, «ou seja, no laboratório e em ambiente muito controlado» e por isso, ficaram «várias questões por responder e analisar mas a vantagem daqueles compostos na melhoria a função imunológica ficou clara», afirma Sónia Ferreira. Comprovou-se que «os polissacarídeos pécticos, como ingredientes funcionais, melhoram a função imunológica e promovem a saúde».
O estudo permitiu ainda perceber que os compostos extraídos dos subprodutos do brócolo com água foram os principais contribuintes para as alterações observadas nas propriedades mecânicas no bioplástico produzido a partir de amido (extraído da batata). Na prática, a adição destes compostos «antes das etapas de gelatinização e filtração do amido permitiu obter filmes de bioplástico com maior resistência, rigidez e elasticidade».
São as «novas vias para a valorização económica dos subprodutos do brócolo», um vegetal já conhecido por “superalimento”.
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Foram estudados vários métodos para extrair a água e melhor obter os compostos presentes nos subprodutos do brócolo, dado que a elevada quantidade de água (cerca de 90%) e consequente perecibilidade limitam a valorização destes subprodutos. A liofilização é adequada para obter pigmentos e glucosinolatos; a secagem por convecção de ar é adequada para obter glucosinolatos, enquanto a tecnologia de micro-ondas por hidrodifusão e gravidade (MHG) promove a extração de compostos fenólicos. Os métodos, portanto, devem ajustar-se à finalidade pretendida, à aplicação de cada tipo de composto ou conjunto de compostos.
Polissacarídeos pécticos estimulam sistema imunitário Sabendo-se que havia pouca informação sobre a bioatividade das fibras de brócolo, os polissacarídeos pécticos foram extraídos, fracionados e caracterizados, e a sua atividade imunoestimuladora foi avaliada por incubação in vitro.
A tese de doutoramento foi apresentada no final de 2020 por Sónia Ferreira, sob orientação de Manuel António Coimbra e Susana Cardoso, respetivamente, professor e investigadora do Departamento de Química da UA, e ainda de Dulcineia Ferreira Wessel, do Instituto Politécnico de Viseu.
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