Na “Mensagem de ano novo”, o presidente do Clube dos Galitos, de Aveiro, António Granjeia, apela à «determinação na formação dos jovens», «rigor na gestão financeira», «condições para o empenho dos treinadores», «espírito de sacrifício e entrega aos atletas”, mas chama a atenção que a situação é «absolutamente dramática».

Com a pandemia a marcar a conjuntura e a mensagem do presidente, a situação é «dramática» porque a situação financeira dos clubes amadores que é «cada vez mais aflitiva. Temos funcionários e colaboradores a quem devemos lealdade e o salário. Os nossos fornecedores merecem e devem ser pagos pelos serviços. A desistência de muitos patrocinadores, a inexistência de receitas de bilheteira, a redução drástica nas atividades que os clubes organizavam para gerar receitas e a manutenção das quotas em valores que já eram baixos para os serviços prestados», justifica António Granjeia.

Com perto de dois mil jovens em «atividades desportivas e formativas», o clube procura «respostas rápidas para estes problemas», mas para isso é preciso «encontrar parceiros que nos possam ajudar a encontrar caminhos, sejam a nível governativo, autárquico ou entidades privadas”. António Granjeia diz na mensagem que «foram concluídas consultas com os diversos partidos políticos com representação parlamentar no círculo eleitoral de Aveiro».

Mas, apesar da pandemia e das dificuldades financeiras, «foi possível manter todas as secções a trabalhar», escreve. Contudo, o Governo faltou. «Não demos pela existência do secretário de estado do desporto, João Paulo Rebelo. Apesar de ter declarado que “o desporto não é um setor pária da nossa sociedade e, portanto, não pode ficar para trás sendo isso que o Governo se tem esforçado por fazer”, nunca demos por medidas para o desporto, principalmente o amador que tem ficado claramente para último», diz na mensagem.

Em anteriores mensagens, o presidente disse e este ano volta a lamentar que as associações e clubes «são vistos como meros contribuintes e tratados como empresas comerciais que de facto não são (…) continuam a ser desvalorizados no inestimável serviço que prestam à comunidade».

De resto, elogia a colaboração da Câmara de Aveiro, a União de Freguesias da Glória e Vera Cruz, a Juntas de Cacia e de S Bernardo mas para 2021, o presidente deseja a «valorização dos dirigentes associativos», lamenta a «canibalização dos clubes mais pequenos em benefício dos chamados três grandes» e que o Estado veja os clubes como «uma fonte de receita em detrimento da função educadora não cedendo um cêntimo nas isenções pedidas ao material desportivo de alta competição».

Critica ainda a justiça «muito lenta” e apela à isenção de IRS a jovens atletas (até 25 anos) e jovens treinadores (até 30 anos), a consignação do IRS individual – permitir que seja consignado parte do IRS a todas as associações de utilidade pública mesmos as desportivas, a «abolição da anacrónica norma para o transporte de jovens até aos 16 anos nas viaturas com idade superior a 16 anos desde que cumpram as inspeções de segurança rodoviárias obrigatória para o transporte de crianças, isenção de IA na compra de veículos novos, linha de crédito a custo zero para financiamento de aquisição de novos veículos (carrinhas de 9 lugares e autocarros) por forma a substituir o parque (esta medida daria um impulso às vendas de carros)».