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O fim do século será quente
2020/11/20

As temperaturas da Península Ibérica vão aumentar de forma «muito preocupante» durante este século segundo um estudo da Universidade de Aveiro (UA) que prevê até 2100 aumentos da temperatura média de 2 a 3 graus ao longo de todo o ano, o suficiente para causar graves impactos no meio ambiente e, por consequência, na saúde pública. Em Portugal há mesmo regiões que poderão registar aumentos de 4 a 5 graus centígrados nas máximas diárias.

O investigador David Carvalho, que coordenou o estudo, diz que haverá «consequências significativas para a saúde humana, mas principalmente para o meio ambiente e em áreas como a agricultura, os fogos florestais, a desertificação ou a seca».

O estudo dos investigadores do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar CESAM, além de David Carvalho, Susana Cardoso Pereira e Alfredo Rocha, que foi publicado na revista Climate Dynamics, «projetou e analisou as temperaturas de superfície na Península Ibérica para dois períodos futuros, o primeiro de 2046 a 2065 e o outro de 2081 a 2100».

David Carvalho diz que «as implicações poderão ser enormes» e o estudo antevê que «o número de dias por ano com temperaturas máximas acima dos 40 graus centígrados poderão aumentar até cerca de 50 dias por ano no final deste século».

Diz ainda que «daqui a algumas décadas poderemos ter 3 meses por ano onde as temperaturas máximas diárias são acima de 40 ºC, se bem que esta tendência é mais predominante no centro-sul de Espanha e não tanto para Portugal».

Haverá aumentos da temperatura diária, não só da média como também da máxima e da mínima, para praticamente todo o território da Península Ibérica. As temperaturas máximas diárias aumentarão mais do que as médias e as mínimas serão as que aumentarão menos.

Para Portugal os aumentos andarão à volta dos 1,5-2 graus centígrados para o período 2046-2065 e de 2-3 graus centígrados para 2081-2100 em termos de temperatura média diária. No caso da temperatura máxima, o aumento poderá chegar aos 4-5 graus centígrados no final do século.

As zonas projetadas para terem maiores aumentos de temperatura são as zonas centro e sul de Espanha, onde poderão ultrapassar os 5 graus centígrados em termos de temperaturas médias diárias.

Os resultados das projeções «são, sem dúvida, muito preocupantes”, alerta David Carvalho. O cientista explica a preocupação com os resultados: “Aumentos de cerca de 2-3 graus centígrados em termos de temperaturas médias, máximas e mínimas são suficientes para causar impactos em áreas vitais como agricultura, fogos florestais, seca, desertificação e respetivos impactos na saúde e bem-estar das pessoas».

«Quando os dados mostram aumentos de 5-6 graus centígrados em algumas zonas de Espanha e entre 1.5-3 graus centígrados para a maioria das zonas da Península Ibérica, isso é sem dúvida motivo de preocupação», afirma

David Carvalho sublinha ainda a «unanimidade quase total nos dados de clima futuro no que diz respeito ao aumento generalizado de temperatura na Península Ibérica, em todas as estações do ano, zonas geográficas e tipo de temperaturas», médias, máximas e mínimas.

As principais causas para o aumento de temperatura que estamos já a assistir, e que serão amplificadas nas próximas décadas são a emissão para a atmosfera de grandes quantidades de gases com efeito de estufa, como é o caso do dióxido de carbono e do metano,

As soluções estão na descarbonização «do modelo socioeconómico em que vivemos, ou seja, usar meios de produção de energia que não impliquem a emissão de dióxido de carbono para a atmosfera, apostar também num uso mais eficiente dos nossos recursos energéticos e evitar a necessidade de produção de tantos bens de consumo».

O único caminho a seguir, diz, é «gastar menos energia e recursos e ao mesmo tempo gerar a energia de que necessitámos sem emissão de gases com efeito de estufa».

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