2020/09/30 .Há um «novo lixo que ameaça inundar rios e mares». Os investigadores Joana Prata, Ana Luísa Silva, Armando Duarte e Teresa Rocha-Santos, do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da Universidade de Aveiro alertam para a urgência em «encontrar alternativas ao uso de máscaras e luvas descartáveis de utilização única.
Nos últimos meses, os quatro «têm estudado o aumento de lixo e o recuo generalizado na gestão sustentável de resíduos de plástico, dois enormes efeitos colaterais derivados do combate à pandemia». Concluíram que a «quantidade de plásticos não reutilizáveis, entre máscaras, luvas e outros materiais de proteção, que foi preciso passar a usar na proteção diária para prevenir o contágio pelo coronavírus, aumentou exponencialmente à medida do aumento de casos. E muitos desses materiais já estão espalhados no ambiente».
Os investigadores defende que «máscaras e luvas devem ser reciclados depois da sua desinfeção ou quarentena, que se use preferencialmente máscaras feitas com materiais reutilizáveis e que se regresse ao caminho da economia circular que estava a ser traçado para os materiais plásticos antes de surgir a pandemia». Houve «recuos na economia circular» quando «em muitas áreas do mundo existiu uma reversão de leis e regulamentos que visavam a redução do uso de plásticos de utilização única, como é o caso das taxas sobre sacos de plástico fino» e os «próprios consumidores passaram a procurar alimentos embalados em plástico devido à preocupação com a possível transmissão do vírus através de objetos e maior prazo de validade”, dizem as investigadoras.
Com a pandemia, «em muitas áreas do mundo a reciclagem dos plásticos parou, noutras as entidades debatiam-se com o tratamento adequado dos crescentes resíduos hospitalares potencialmente infeciosos”. A pandemia trouxe alterações na utilização do plástico, com aumentos e decréscimos no seu uso dependendo das aplicações. O aumento de consumo de plásticos “foi observado em embalagens alimentares, como de takeaway, e no material de proteção pessoal».
A pandemia colocou a saúde em primeiro e as consequências ambientais em segundo. Mas «não deveríamos descontinuar uma estratégia ambiental a longo-prazo quando é compatível com as atuais medidas de combate à pandemia e contribui para a futura preservação da saúde humana. Por exemplo, não há evidencias que a utilização de luvas descartáveis seja mais eficaz do que a correta higienização das mãos», exemplificam. |