A mensagem de Ano Novo do presidente da direcção do Clube dos Galitos, António Granjeia, avalia 2019 como «um bom ano», perspectiva os novos desafios, problemas para resolver, e nas relações com as instituições espera a colaboração da Câmara de Aveiro mas lamenta a relação com o Estado

Da autarquia recebeu o compromisso para a construção de um novo posto náutico, mas ainda espera por «acessos condignos que ajudem à chegada mais confortável dos atletas e seus pais, principalmente no inverno». O clube já tem um estudo prévio para que «a cidade e o clube possam vir a ter centro náutico de excelência, à semelhança daqueles em que todas as cidades congéneres já investiram».

Entretanto, a Câmara e o Governo «negoceiam as condições de cedência dos terrenos da antiga lota, propriedade da Administração do Porto de Aveiro. Depois de concluídas as negociações será possível «partir para a tomada de decisões mais concretas».

A mensagem de António Granjeia refere ainda que «o incremento da secção náutica tem-se feito mesmo nas deploráveis condições de acesso existentes, pelo que não conseguimos imaginar o que seria possível evoluir com uma conjuntura mais propícia no acesso ao posto náutico. Só com as condições melhoradas será possível manter um remo aveirense aberto e virado para a cidade e turismo».

Com o Estado, o relacionamento é diferente. O presidente da direção dos Galitos escreve que «o Estado português continua incapaz de gerar políticas de promoção do desporto e da juventude menos centralistas, mantendo-se inabilitado para ajudar a resolver problemas burocráticos relativos a instalações desportivas, zelosamente complicando assuntos que deveriam ser de fácil burocracia».

Segundo António Granjeia, as associações são tratadas apenas «como contribuintes e não como parceiros essenciais na sua missão de apoiar os cidadãos como prevê a Constituição da Nação».

António Granjeia analisou o Orçamento do Estado para este ano e concluiu que «não se tem em conta esta enorme força que são as associações. Obrigam-nos a cumprir regras descabidas e anacrónicas perante o propósito das associações, comparando-nos a empresas comerciais que não somos, a preencher vezes sem contas os mesmos formulários para análise de situação, afundando-nos nas teias administrativas de uma interminável burocracia. Os dirigentes não são valorizados pelo inestimável serviço que prestam à comunidade, sendo algumas vezes os bodes expiatórios das incompetências dos decisores públicos».

Diz o presidente na mensagem que «valem as atuações mais atentas dos órgãos dirigentes municipais, quer ao nível camarário quer ao nível de freguesia, que vão colmatando as falhas do governo e dando uma ajuda importante», exemplificando com os programas de apoio municipal ao desporto que «têm sido importantes na dinamização de todas as associações».

A mensagem insiste em temas de mensagens anteriores. «Talvez nos ouçam pela exaustão», referindo-se a quatro temas,designadamente: «a valorização dos dirigentes associativos verdadeiramente amadores e beneméritos – Cada ano que passa é mais difícil encontrar pessoas com disponibilidade para o associativismo. A canibalização dos clubes mais pequenos - A democratização do desporto com a construção de instalações desportivas por todo o País não tem valorizado os clubes e as associações do país menos mediatizado e, ao invés, está a canibalizá-los, em benefício dos chamados três grandes. O IVA no desporto – O Estado vê os clubes como uma fonte de receita em detrimento da função educadora não cedendo um cêntimo nas isenções pedidas ao material desportivo de alta competição e a justiça muito lenta – qualquer problema que uma instituição tenha provocado por si ou por outros leva um tempo interminável a ter uma resposta ou uma decisão».