2019/04/08 O processo de reabilitação cardíaca pode ser feita em casa e com excelentes resultados incluindo o exercício físico, após um enfarte agudo do miocárdio, depois da alta hospitalar segundo as conclusões de uma investigação com participação da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESSUA) confirmando vários estudos internacionais. O trabalho da ESSUA quer dar uma resposta domiciliária à maioria dos doentes que depois da alta se afastam dos programas de reabilitação dos centros hospitalares.
“Contrariamente ao conceito generalizado de que a reabilitação cardíaca tem de ser feita sob vigilância direta há, nos casos de baixo risco cardiovascular, a possibilidade de efetuar reabilitação supervisionada à distância”, aponta Mesquita Bastos, professor na ESSUA e cardiologista no Centro Hospitalar do Baixo Vouga, em Aveiro.
O estudo envolveu a ESSUA no âmbito do Doutoramento em Ciências e Tecnologia da Saúde de Andreia Noites, e participou o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho e a Escola Superior de Saúde do Porto, envolvendo um grupo de pessoas em recuperação de um enfarte do miocárdio, que realizou um programa de exercícios, três vezes por semana, em casa, durante oito semanas.
Foram monitorizados continuamente à distância pela equipa de investigação depois das informações e aconselhamentos ministrados presencialmente pelos investigadores, a atividade física e os sinais vitais dos doentes, com recurso a dispositivos eletrónicos “Esta é uma área de forte interesse na ESSUA, na qual temos vários projetos financiados e colaborações a decorrer com elevado impacto social,” refere Fernando Ribeiro, professor na ESSUA e investigador no Instituto de Biomedicina (iBiMED) da UA.
INFO UA A Sociedade Europeia de Cardiologia, a American Heart Association e o American College of Cardiology, classificam a reabilitação cardíaca (RC) como uma intervenção terapêutica com indicação de classe I (mandatória), fundamentada nos níveis de evidência científica mais elevados.
Mas em Portugal, a percentagem de doentes que participaram nos últimos anos em programas de reabilitação cardíaca de fase III foi de cerca de 4 por cento. A distância entre a residência e os centros hospitalares e a falta de horários e de transportes são algumas das causas apontadas pelos doentes para participarem nos programas.
Por outro lado, a falta de resposta adequada do Sistema Nacional de Saúde na reabilitação cardíaca, a falta de investimento em recursos humanos e materiais e a escassez de centros e a sua localização concentrada nas grandes cidades contribuem decisivamente para a baixa referenciação e adesão aos programas de reabilitação cardíaca. |