Rui Novais, João Carvalheiras, Paula Seabra, Robert Pullar e João Labrincha, investigadores do Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica e da Unidade de Investigação CICECO - Instituto de Materiais de Aveiro, da Universidade de Aveiro, conseguiram transformar as lamas vermelhas que têm provocado inúmeros acidentes ambientais perigosas, em esferas porosas capazes de limpar metais tóxicos de águas poluídas.

As lamas resultam da produção de alumina, a matéria-prima principal na produção de alumínio e onstituem um resíduo industrial altamente nocivo para o ambiente e, consequentemente, para a saúde humana. A reciclagem ou a reutilização das lamas vermelhas sempre foi uma tarefa problemática. A indústria já produziu no mundo cerca de 4000 milhões de toneladas de lamas vermelhas.

Pela primeira vez, segundo Rui Novais, “as lamas vermelhas foram utilizadas como precursor para a produção de esferas geopoliméricas altamente porosas utilizando um método simples e sustentável o que pode permitir uma fácil transição para um contexto industrial”.

As esferas têm cerca de 3 milímetros de diâmetro, “poderão ser utilizadas em aplicações industriais de elevado valor acrescentado”.

Tratamento de águas residuais e produção de biogás, devido à respetiva capacidade adsorvente de metais pesados ou corantes e regulação do pH da água, são algumas das aplicações ambientais em que as perigosas lamas poderão agora ter. “Esta estratégia inovadora poderá permitir a valorização de quantidades significativas de lamas vermelhas, mitigando assim o impacto ambiental associado à produção de alumínio”, congratula-se Rui Novais.

Rui Novais diz que “apenas cerca de 2,7 por cento da produção anual de lamas vermelhas é reutilizada, o que considerando a sua produção anual, estimada em cerca de 150 milhões de toneladas, levará inevitavelmente a um aumento do total acumulado em cerca de 146 milhões de toneladas por ano”.