2017/11/17 O opositor ao anterior regime de Angola, Luaty Beirão, participa na próxima segunda-feira na tertúlia com Pedro Abrunhosa "Pode uma canção fazer uma revolução?”, uma questão que "dá o mote à reflexão acerca do activismo político e do papel que a música desempenha nesse âmbito", o primeiro momento, às 21.30h do programa do Festival Sons em Trânsito' 17 - VIII Festival de Músicas do Mundo de Aveiro, até dia 25 no Teatro Aveirense, com moderação de João Gobern Sotto-Mayor.
A tertúlia não é relativa directamente à situação política angolana, mas sim sobre o papel da música numa revolução, mas dada a dimensão das mudanças naquele país, a abordagem do assunto será inevitável.
O activista político luso-angolano, entrevistado esta quinta-feira à noite pela SIC Notícias sobre o afastamento de membros da família pelo novo presidente João Lourenço, espera que não signifique apenas uma "mudança do foco de interesses e começar a beneficiar outro clã". O ativista defende "cautela e não euforia e ver as coisas com clareza".
Luaty receia que "mexer num ninho de vespas pode levantar ondas indesejadas e alguma coisa acontecer", referindo-se ao risco de ações violentas por causa da vaga de exonerações de João Lourenço.
Além do afastamento de elementos da família que esteve 38 anos no poder, e num "país falido por gestão ruinosa", Luaty Beirão quer saber "quem tem o quê, quem depauperou o país e em que quantidade, ver se é possível repatriar fundos, porque quem tirou pôs fora e saber a situação real das finanças". Quer ainda "transparência e abertura e envolver as pessoas para resolver os problemas".
Sobre a purga, disse que todos devem "manter-se atentos, os sinais não são tudo", mas admite que é possível estar "menos de pé atrás". Espera que "estes gestos conquistem outros setores que esvaziem o poder do clã Santos".
Para já, João Lourenço "conquistou o benefício da dúvida", diz, admitindo que há uma "tendência de mudança". |