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Bióloga quer proteger «árvores monumentais»
2016/01/05

Há árvores na lista da bióloga Raquel Lopes do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro que «viram os romanos chegarem, outras assistiram às invasões napoleónicas, outras ao casamento da Rainha D. Maria II»

Algumas são mesmo personagens de lendas e mito, árvores monumentais, para inventariar, conhecer e divulgar a história de cada um destes «colossos do património natural português», um trabalho inédito no país que pretende «contrariar o desconhecimento de monumentos vivos que tanto têm para contar»

Por exemplo, o carvalho mais antigo da Península Ibérica está na Póvoa do Lanhoso, e há várias oliveiras, em Portugal , «com idades superioras a 1000 e a 2000 anos. A mais antiga delas encontra-se em Santa Iria de Azóia e tem 2850 anos», ou um castanheiro com 500 anos que vive em Vila Pouca de Aguiar, um dos eucaliptos da Mata Nacional de Vale de Canas, em Coimbra, com 72 metros, a árvore mais alta da Europa e um com 11 metros de largura no concelho de Sátão.

O projeto de investigação «Arvoredo Classificado de Interesse Público em Portugal continental », de Raquel Lopes no âmbito do Doutoramento em Biologia, tem como objetivo «proceder ao levantamento de informação existente, relativamente ao Arvoredo de Interesse Público ou com possibilidade de classificação, contribuir para o conhecimento efetivo do estado em que o património monumental se encontra e, deste modo, conhecer a importância que este assume nas regiões inquirida».

Árvores monumentais são «testemunhas vivas de acontecimentos histórico-culturais, constituem uma memória de hábitos, costumes, lendas e tradições, valorizam a paisagem e o património edificado e representam um elemento diferenciador e identitário de todo um povo e de uma região que importa preservar», afirma a bióloga.

Chama a atenção para «a falta de conhecimento» como uma «barreira para a proteção dos exemplares monumentais, é preciso investir na sua divulgação e formalizar novas propostas de classificação de árvores e conjuntos de árvores».

Raquel Lopes quer fazer o «levantamento rigoroso das árvores e arvoredos existentes, para, numa fase posterior, encetar medidas de promoção, informação e divulgação deste património natural, em conjunto com as autarquias que se disponibilizem para tal, e que poderá passar, nomeadamente, pela constituição de roteiros botânicos».

O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas classificou, em Portugal continental, 470 árvores monumentais e 82 conjuntos de árvores, mas segundo Raquel Lopes, não só «a proteção não é uma garantia de preservação, já que, às vezes, muitas árvores são votadas ao abandono ou sofrem atos de vandalismo ou negligência por desconhecimento» como «dos 278 concelhos de Portugal continental, 131 não apresentam qualquer exemplar arbóreo classificado».

INFO UA «Trabalho conjunto com autarquias»
O trabalho da bióloga também pretende conhecer quais as atuais estratégias de comunicação desenvolvidas em prol do conhecimento e divulgação deste arvoredo junto do público e, deste modo, encetar novos cenários de atuação. Este estudo passará, entre outras metodologias de investigação, pela aplicação de um questionário aos municípios da região de Turismo do Centro de Portugal continental.

“Perante todo o trabalho a desenvolver, ações desencadeadas, e articulação ou parcerias estabelecidas, contribuiremos, definitivamente, para o aumento da literacia científica sobre árvores e bosques monumentais”, antevê a investigadora. Cumpridos estes objetivos, deseja, “contribuiremos para o fortalecer das relações endógenas entre os cidadãos e o património natural”. Porque, não se cansa de repetir, “só cidadãos informados poderão ser corresponsáveis pela salvaguarda do património arbóreo monumental, no exercício da sua função participativa”.

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