2012/10/03 No dia da abertura do ano letivo da Universidade de Aveiro, o Reitor da Universidade de Aveiro, Manuel Assunção, alertou esta quarta-feira, para o risco dos cortes de financiamento conduzirem a resultados imprevisíveis. «O acentuadamente menor financiamento da investigação em humanidades e ciências sociais é um caminho perigoso que pode levar ao desaparecimento do efeito escola em áreas importantes ; e que ao mesmo tempo, não percebendo a fertilidades dos cruzamentos interdisciplinares, pode estar a inibir a descoberta de soluções determinantes de uma melhor evolução da economia e sociedade», disse.
Reitor aponta alternativa à crise
«Claro que poderíamos, num quadro de grande dificuldades a curto prazo que se não pode negar, viver com soluções mais bem preparas e explicadas, com repartição mais equitativa dos esforços com maiores transparência e discussão das políticas públicas, com menos apego a receitas estereotipadas, com sinais e exemplos de valor simbólico que hoje pouco se vislumbram. Cabe-nos a todos, à Universidade mas também a cada um de nós, contribuir para antecipar o que aí vem e assumir um papel mais ativo na construção de um melhor futuro, com maior coesão e solidariedade. Estamos, temos que nos sentir todos, convocados para uma participação mais presente e empenhada».
História inverte-se
Segundo o Reitor, «pela primeira vez assiste-se a uma inversão na história e que as próximas gerações viverão, muito provavelmente, em condições piores que a dos seus pais».
Para Manuel Assunção, «não basta o combate ao défice e ao regresso aos mercados. A crise é mais profunda e extravasa o espaço do nosso país. As questões demográficas e a sua assimetria em diferentes regiões do globo, o envelhecimento acentuada da população da Europa, consequência benéfica, extraordinária, do Estado-social mas que está agora colocando enorme pressão sobre o mesmo Estado-social com impactos temendos, nomeadamente no apoio aos mais idosos e aos mais doentes, os desequilíbrios campo-espaços urbanos e litoral-interior, a grande dificuldade em conciliar proteção de direitos adquiridos pelos mais seniores com mais e mais justas oportunidade para os jovens em inicio de atividade, as questões energéticas e ambientais, os fenómenos migratórios de várias tipologias, nuances e graus de desespero; são, entre outras tendências, fenómenos que terão enorme relevância na moldagem do futuro». |