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Investigadores da UA procuram investidores
2008/11/01

Um grupo de cinco investigadores da Universidade de Aveiro pretende implementar uma linha de produção de quitosano e seus derivados utilizando excedentes da indústria de processamento de cefalópodes e crustáceos marinhos como matéria-prima.

A unidade industrial será de pequenas dimensões com capacidade para a transformação, numa fase inicial, de estiletes de lulas e potas em quitina, quitosano, e derivados, de modo a serem comercializados em diversos sectores industriais.

O plano de negócios está elaborado e pronto para dar início à sua actividade mas devido ao «enorme investimento que é necessário (cerca de meio milhão de euros) os futuros empresários estão a analisar a possibilidade de integrar parceiros investidores no negócio para viabilizar o investimento necessário».

Serão utilizados, como matéria-prima, os endo-esqueletos de lulas e potas (estiletes), actualmente sub-produtos de indústrias de processamento destes cefalópodes marinhos. A tecnologia a adoptar basear-se-á em processos de extracção mecânica, química e enzimática, e existirá uma constante monitorização e controlo da produção (análises laboratoriais). Dar-se-á prioridade, não deixando de considerar a necessidade de competitividade e validação económica, aos processos de transformação baseados na utilização de enzimas não específicas (de baixo custo).

As cascas de crustáceos marinhos (camarões, caranguejos, etc.) e os endoesqueletos de cefalópodes marinhos (lulas, potas) constituem uma fonte de biomassa importante, pela sua riqueza em proteínas e quitina, embora, actualmente, quase na sua totalidade, esta não seja aproveitada. A quitina e o quitosano são polímeros naturais, biodegradáveis, biocompativeis e não tóxicos. A quitina é geralmente considerada a “celulose animal” pois é o segundo biopolímero mais abundante no planeta e a principal fonte de poluição superficial nas zonas costeiras.

Com recurso predominante a processos «limpos», a produção resultará em produtos de elevado valor acrescentado e de elevada qualidade, como a quitina e quitosano, os oligoquitosanos e a acetil-glucosamina e glucosamina. A ideia de negócio desenvolvida assenta na produção de biopolímeros e derivados funcionais a partir de biomassa excedente de outros processos industriais e actualmente Com franca aplicação em diferentes áreas-chave, apresentam ainda baixa competição a nível produtivo, quer a nível nacional como europeu, como sejam espessantes em formulações alimentares, formadores de filmes e revestimentos com actividade antimicrobiana, «fibra» com capacidade para diminuir a absorção de gorduras ou na clarificação e desacidificação de sumos de fruta, biomateriais com aplicação na área biomédica, purificação de águas ou eliminação de metais pesados. Os produtos apresentam ainda actividade anti-microbiana, anti-oxidante e potencial actividade anti-tumoral e actividade benéfica em regeneração de tecidos e problemas de cartilagens e osteoatrites.

Em 1990 a produção mundial anual era de cerca de 10 mil toneladas. Hoje produzem-se cerca de 30 mil toneladas e as regulamentações para o seu uso estendem-se a várias áreas. As empresas produtoras situam-se essencialmente na Ásia e nos EUA. A nível europeu são poucas as empresas a produzir quitina, quitosano ou derivados, e, que seja do nosso conhecimento, nenhuma na Península Ibérica. Os preços mais baixos para quitosanos de grau de pureza baixo, rondam os 400 €/kg, preço relativamente elevado e justificado devido à baixa competitividade e ao enorme potencial deste polímero. Actualmente, o mercado para produtos de quitosano inclui, entre outras, as áreas dos nutracêuticos, protecção de alimentos, formulações para cosméticos, aplicações médicas, aplicações em agricultura, floculação, têxteis e papel.

O projecto, denominado «BioF - Functional Biopolymers» resultou da investigação em curso realizada no Departamento de Química da UA na área das propriedades funcionais de biopolímeros. Premiado recentemente com o terceiro prémio do Troféu Criar 08, cujo objectivo é estimular o empreendedorismo e a inovação no interior do país, com vista à eventual criação de uma nova empresa, com sede no Concelho da Covilhã, o BioF apresenta como mais-valia o aproveitamento de biomassa desperdiçada, uma matéria-prima renovável e de baixo custo.

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