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DesportoAveiro
Entrevista
2002/10/16

José Cid seria outro se tivesse algum lobby

Luís Ventura teria encontrado outro entrevistado e não o José Cid que se conhece se o cantor alinhasse num lobby que já o tivesse levado ao grande estrelato.


Luís Ventura : Não era normal ter muitos espectáculos marcados neste Verão…
José Cid: Tive, mas no tenho nível para ir ao Centros Cultural de Belém ou ao Coliseu…

LV: Não tem?! Porque é que um artista como você nunca tocou num sítio desses?
JC: Olha, porque não tenho managements em Lisboa, não faço parte de nenhum lobby, não estou para isso. Eu sou da província, vivo aqui no distrito de Aveiro e o que eu gosto é de cantar e de surpreender e, por isso, é que faço isto. Tenho um belíssimo grupo a cantar comigo, em que figura o guitarrista Mike Sargeant, e adapto o meu espectáculo ao público que está à minha frente e vou cantando por aí.

LV: Mas para além deste, sei que tem um espectáculo mais intimista…
JC: Sim, tenho uma cena mais cultural que se chama “Sons do Centro” e que se baseia na poesia dos grandes poetas do centro, como Miguel Torga, Manuel Alegre, Mota Tavares e José Afonso. Este concerto é acústico, com guitarras de Coimbra, gaitas de foles, percussão de pés e mãos e comigo ao piano. É uma cena diferente. Faço uma ou duas coisas dessas por mês. O que o público português quer é isto mas tenho o meu lado mais cultural.

LV: Se o Rui Veloso é o “pai” do rock português, o José Cid o que é?
JC: Sou a mãe! (risos) Eu gerei-o. O Rui Veloso aceita essa designação porque está numa editora enorme e tem os tais managements que eu não tenho e provavelmente alguns lobbies de imprensa que eu não tenho. Eu sou muito mais franco e sonhador, enquanto que o Rui é muito mais politicamente correcto. Mas eu tenho muito mais voz que ele… Eu sou dois em um e não tenho o Carlos T, como ele. Eu gostaria de ter cantado um “Porto Sentido” ou coisa assim.

LV: E ele será que não gostaria de ter cantado algo seu, como os “Verdes Trigais em flor”?
JC: Ele não conseguia no meu tom, talvez noutra expressão vocal.

LV: Gosta que alguns grupos da nova geração regravem alguns temas seus, como aconteceu com “Coração de Papelão”?

JC: Acho imensa piada e há uma geração nova que me anda a descobrir, mas eu sou um dinossauro sem jardim zoológico. Prefiro tomar banho na Ria. As novas gerações têm outras opções mas vão-me tolerando, porque estão muito desenraízadas e eu sou muito português e o mais novos não são. Já não há portuguesidade…

LV: E projectos para o futuro?
JC: Vou lançar um “best of” com as minhas baladas todas com tratamento acústicoto, num label chamado “Saudades do Vinil”. Vou aproveitar enquanto ainda tenho voz. Ninguém é eterno. Deve sair lá para Março do ano que vem.

Luís Ventura

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