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50 anos depois do I Congresso Republicano
2007/10/05

A sessão comemorativa dos 50 anos do I Congresso Republicano de Aveiro, realiza-se este sábado, a partir das 11:00h no Teatro Aveirense, é organizado pelo Governo Civil de Aveiro em conjunto com a Câmara Municipal e é presidida pelo Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Jorge Lacão.

Participam o Governador Civil de Aveiro, Filipe Neto Brandão, Élio Maia, Presidente da Câmara de Aveiro, e Vital Moreira, que presidiu à Comissão de Projectos para as Comemorações do Centenário da República.

Programa

11H00 – Sessão Solene Comemorativa dos 50 anos do Congresso Republicano;
16H00 – Conferência: “Nos 50 anos do I Congresso Republicano de Aveiro - Os novos caminhos e perspectivas de unidade democrática na luta contra a Ditadura”, pelo Professor Doutor Luís Farinha;
22H00 – Concerto Comemorativo: Orquestra Filarmonia das Beiras, com Bernardo Sassetti e Mário Laginha.

Texto da organização das comemorações
A importância da Comemoração do Congresso Republicano de Aveiro

A 6 de Outubro de 1957, há 50 anos atrás, realizou-se na cidade de Aveiro o I Congresso Republicano.
Realizado numa época em que a referência republicana constituía uma componente essencial da luta pela democracia em Portugal, o Congresso Republicano de Aveiro assumiu-se como um importante fórum de ideias e de debate entre homens e mulheres vindos de todo o país, que partilhavam o desejo comum de liberdade para Portugal.

Este relevante acontecimento trouxe à consciência da época muitos dos aspectos da utopia republicana que ainda hoje podem e devem servir os princípios e praxis política democrática, como os direitos do homem e do cidadão, a responsabilização dos políticos e servidores do Estado, a descentralização territorial, o associativismo a todos os níveis, a prevalência do interesse geral sobre os interesses sectoriais ou corporativos, a educação cívica ou a responsabilidade social dos indivíduos.

A comemoração do Congresso Republicano, ao mesmo tempo que pretende realçar o seu significado e valores, visa evocar a memória de todos os homens e mulheres que contribuíram decisivamente para a sua realização e que nele participaram, num claro acto de coragem e vontade de forçar a mudança do rumo político do país.
De igual modo, esta comemoração – a exemplo da filosofia que preside às comemorações do Centenário da República que se celebra em 2010 – encerra em si o objectivo de contribuir para a revindicação do ideário republicano como substrato fundador da nossa modernidade política, social e cultural.

O cinquentenário do Congresso Republicano reveste-se, igualmente, de um importante simbolismo para a própria cidade de Aveiro, fazendo jus à relevância histórica que a cidade assumiu na luta pela democracia e pela liberdade no país. A qualidade de membro honorário da Ordem da Liberdade, em 1998, decorreu – recorde-se – do contributo que Aveiro, por diversas vezes ao longo da sua história, prestou à causa da liberdade em Portugal, nomeadamente através da realização dos Congressos Republicanos de 1957 e de 1969 e do Congresso da Oposição Democrática em 1973.

Comemorar tem aqui o significado de lembrar colectivamente um momento de especial significado da história do século XX português, ao mesmo tempo que constitui uma homenagem à própria cidade, bem como a evocação dos valores humanistas, democráticos e progressistas que estiveram na génese da sua realização.

O Congresso Republicano de Aveiro de 1957

A realização do Congresso Republicano de 1957, constituiu o culminar das comemorações do 47º aniversário da implantação da República desse ano, em Aveiro.
Essas comemorações, que durante dois dias decorreram na cidade, foram organizadas por uma Comissão Promotora constituída por um conjunto de ilustres aveirenses. Um jornal da época referia-se aos promotores e ao programa delineado nos seguintes termos: «A Comissão Promotora – constituída pelos srs. Drs. Manuel das Neves, Júlio Calisto, Armando Seabra e Manuel da Costa e Melo; Capitão Joaquim José de Santana; Dr. Mário Sacramento; Arq.º Alfredo Coelho de Magalhães; Drs. Horácio Briosa e Gala e Álvaro de Seiça Neves – propõe-se levar a efeito, com todo o possível brilhantismo, o seguinte programa: Dia 5 de Outubro: às 11 horas, romagem ao Cemitério Central, com concentração à porta do mesmo; às 12.25 horas, recepção na Estação dos caminhos-de-ferro, ao Sr. General Ferreira Martins, herói da Grande Guerra; às 13 horas, deposição de ramos de flores na estátua de José Estêvão e saudação à bandeira nacional, hasteada no edifício da Câmara Municipal; às 13.30 horas, almoço de confraternização republicana, no Salão de Festas do Cine-Teatro Avenida, presidido pelo sr. General Ferreira Martins; às 17 horas, concerto por uma Banda de Música no Jardim do Infante D. Pedro.
Dia 6 de Outubro: às 10.18 horas, recepção na estação dos caminhos de ferro, ao sr. Doutor António Luís Gomes, filho do Distrito de Aveiro e único e venerado sobrevivente do Governo Provisório da República; às 11 horas, sessão inaugural do Congresso Republicano de Aveiro, no Teatro Aveirense, sob presidência do sr. Doutor António Luís Gomes; às 13 horas, piquenique de confraternização republicana, dedicado à família dos congressistas, numa quinta dos subúrbios de Aveiro; às 14 horas, sessão de trabalho do Congresso Republicano do Distrito de Aveiro, dedicada à apresentação das teses; às 21 horas, sessão de encerramento do Congresso Republicano do Distrito de Aveiro sob a presidência do sr. Doutor António Luís Gomes».

A comissão organizadora do Congresso foi presidida por Manuel das Neves, tendo Mário Sacramento exercido a função de Secretário Geral, facto que não o impediu de ter sido o principal impulsionador do evento, tendo contado, entre outros, com o auxílio de João Sarabando.

A reunião decorreu no Cine-Teatro Aveirenese durante todo o dia 6, dividida em três sessões, sob a presidência do António Luís Gomes, único sobrevivente, à época, do I Governo Republicano. Pelo palco – decorado a «verde-rubro» com a legenda “Liberdade” – foram várias as teses lidas e defendidas, versando a exaltação dos valores da República, da Democracia, da Liberdade, bem como as temáticas da educação, saúde, economia ou do trabalho, sempre numa perspectiva de progresso e desenvolvimento social.

Como corolário dos trabalhos, os congressistas aprovaram, por aclamação, quatro moções e uma «moção de ordem». Como refere o mesmo jornal: «Passava já da meia noite quando, entre vivas à República e à Liberdade, e com os presentes de pé, se entoou o Hino Nacional».

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