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Perfumes 2005-10-10 Na noite autárquica, enquanto Élio Maia, da coligação PSD/CDS-PP, espalhava o perfume da vitória pelas freguesias do concelho de Aveiro, o candidato do PS, Alberto Souto, expressava a imagem do animal ferido de morte. Nervoso, emocionado, desgostoso, tinha o sabor da derrota estampado na cara. À sua volta, as expressões eram pesadas, alguns choravam. Horas antes, quando a TVI deu a projecção que dava a vitória à coligação, a sede de campanha do PS não acreditava mas esta descrença era já um misto de surpresa e receio de perder a Câmara a favor de um presidente de Junta de Freguesia que, afinal, não conseguiria vencer, mas venceu Alberto Souto. Olhar para Souto e Élio na mesma noite, era olhar para emoções díspares. Sobre o primeiro até chegava a dar pena olhar para ele e para os que o rodeavam o segundo, impressionava pela felicidade que transbordava. Os dois estiveram em batalhas que os separou. Primeiro, por causa de um mundial de andebol, que a Câmara alegou não ter dinheiro para realizar em S. Bernardo e depois numa avenida que a Câmara disse ter um projecto para construir e que a Junta nunca quis. Foram dois tiros certeiros no orgulho da freguesia e os efeitos que provocariam não foram percebidos. Sobre o andebol, Souto não percebeu ou desvalorizou a modalidade rainha na freguesia - Élio também foi jogador assim como Ulisses Pereira e Paulo Maia, outros dois elementos da coligação. Sobre a avenida, foi uma teimosia que uniu a freguesia. Nos dois casos foram duas interferências numa freguesia que tem o prestígio de formar uma comunidade unidade. Mas como a partir da freguesia se mobiliza a vontade de eleger Élio Maia?. Não terá sido por isso mas por outras razões. Não contando com o efeito do PS nacional, as razões podem ser encontradas na campanha de Aveiro. Os dois - Élio e Souto - fizeram campanhas totalmente diferentes. Souto colocou grandes out-doors, uns cinco diferentes, cartazes com cada um candidato às juntas, um programa de elevada qualidade gráfica e do tipo de papel, usou velas de moliceiros no Canal Central para a propaganda, lançou um livro e instalou uma sede grandiosa além de ganhava nos debates e Élio perdia. No blog que criou fez ataques directos e tratou o adversário por «o Élio» e a coligação protestava: que «insulta…» mas a coligação não respondia. Mas, pelo meio, dizia que a Câmara tinha uma dívida e taxas elevadas e não fazia investimento reprodutivo, não ouvia as pessoas, não tratava as freguesias por igual. Élio prometeu que iria pagar as dívidas, baixar as taxas e dar o mesmo tratamento a cada freguesia O mandatário Girão Pereira fez o ataque mais violento quando disse que Alberto Souto, «intimida e cria dependências». Souto dizia que Élio não tinha ideias novas, nem apresentava o programa aos eleitores. Apresentou, durante a campanha, num documento que nada tem a ver com o de Souto. Élio Maia manteve sempre o mesmo cartaz, não teve blog e ganhou. João Peixinho |
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