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Eterna Terapia
2004-3-3

CINEMA
Anything Else
(A Vida e Tudo o Mais)
de Woody Allen


Eterna Terapia

Há três formas de evitar uma primeira ida ao psicólogo: as conversas diárias com os amigos, escutar música positiva – aquela que nos faz sentir bem connosco próprios – e ver um filme do mago Woody Allen. Fantástico para uns, demasiado “blá blá” para outros, a verdade é que este cineasta é um daqueles realizadores que não precisa de provar mais nada.

Talvez por essa razão e porque a idade também, por vezes, não perdoa, os seus últimos filmes têm sido menos conseguidos em relação a outras obras do realizador. Annie Hall, Manhattan, Poderosa Afrodite e Toda a Gente Sabe Que Te Amo são exemplos que caracterizam uma carreira onde o conceito “alleniano” é uma constante. Os argumentos obsessivos, irónicos e sarcásticos idealizam algo facilmente identificável como a marca Woody Allen.

Depois dos medianos A Maldição do Escorpião de Jade, Vigaristas do Bairro e Hollywood Ending, Anything Else- A Vida e Tudo o Mais é o alívio humorístico e sentimental há muito esperado pelos fãs de Allen.

A história mais uma vez passada em Nova Iorque fala de um casal de namorados que se depara no meio de uma crise amorosa. Daquelas que acontecem habitualmente mas que, neste caso, é um autêntico exemplo do universo do autor. Com as participações de Jason Biggs (Mr. American Pie) e da fabulosa Christina Ricci (Buffalo 66, O Monstro, …), o filme é um retrato fiel dos textos neuróticos mas atravessados com muita sensibilidade urbana. Além disso e porque a idade não perdoa – parte 2 – Allen escreve para ele próprio utilizando a figura de Jerry Falk (Jason Biggs). Este último é uma personagem que trabalha como argumentista de comédia cheio de dúvidas existenciais em relação amor dado pela sua namorada, interpretada por Ricci. Ela, representando a habitual pele de musa problemática e maquiavélica que o cineasta tanto adora, pretende vencer na sua carreira de actriz mas não parece muito empenhada na sua relação com o seu boy friend.

Pelo meio, a personagem desempenhada por Woody Allen aparece como conselheiro sentimental do jovem Falk, aproveitando igualmente para espelhar o que lhe vai na alma. A neurose pelo sofrimento judeu, pelo fatalismo do fim do mundo, a crise da meia-idade e as críticas aos psicanalistas são algumas marcas que identificamos no velho Dobel, e, provavelmente, também na vida pessoal do realizador.

Numa altura em que se fala numa autobiografia a ser publicada nos próximos meses, Allen confirma mais uma vez que ele próprio aproveita os seus filmes para fazer terapia. Bom proveito para ele…e para todos os cinéfilos!

Carlos Araújo

Carlos Araújo inicia com este artigo uma participação regular neste site.

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